terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sentio, ergo sum


Esse não é um protesto.
Dei para me ocupar do pensamento do tempo.
Eu bem precisava  desse reencontro com os versos 
que melhor se chamaram primavera.
O que te peço?  
Sentir sob as formas, as coisas.
É que tenho longa longa longa saudades do embalar das coisas.

Aconteceu talvez em uma montanha, 
se houvesse como explicar quando se troca de pele.
Era os quinze anos do tempo.
 Eu me lembro agora. 
Uma conversa do tempo me fez entender.
Chamem de pista.
 Estava florescido em toda a natureza das coisas:
"essa caminhada, uma promessa de conhecimento, talvez de amor".

Foi assim:
Além da terra, além do céu, o rumo da subida forçou à afeição do estar com o mundo.
Detido no alcance da pele. 
Sim, ali, estava o primeiro beijo. 
Não de pedestre, mas de batucada.
Eu colhi e recolhi o homem livre e ligado.

Certas palavras desamarraram.
A poesia e o mistério vigiaram sobre as coisas.
Sentio, ergo sum.
Não era mais as coisas.
Fora as coisas inúmeras vezes antes,
E logo o corpo se rebelou contra a infância do tempo.

O renascimento, anunciador do tempo consumido, 
solene em suas despedidas, abreviou: 
não serás de um modo só e quase único, já não lhe basta.
Tempus furgit.
Nasceste com as coisas.

Feche o poema,
às vezes é melhor calar e sobreviver.



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