Numa quarta-feira,
em meados de outubro de 2003, um homem de barba, alto, ligeiramente desalinhado
um sobretudo escuro, com lenço no pescoço e um tipo de chapéu maleável que os jogadores de críquete costumavam usar, entrou
na galera Tate portando uma sacola de papel.
Banksy (era ele
mesmo) passou direto pelos seguranças, provavelmente mais preocupados com o que
os visitantes pudessem levar para fora do que com o que chegavam trazendo, e seguiu
seu caminho desimpedido até a Sala 7, no segundo andar. Era um local bem
escolhido que ele deve ter sondado antes. Pois essa não é uma parte da galeria
na qual você simplesmente adentra: não há uma entrada direta a partir de um
corredor principal, e é preciso passar por uma outra seção para chegar até ali.
Um local geralmente muito tranquilo, que permite a passagem entre espaço
menores, em vez de ter que percorrer apenas um grande salão.
Tendo escolhido sua
área na galeria, ele teve que escolher uma parte da parede. Encontrou espaço
suficiente entre uma paisagem bucólica do século XVIII e a porta que conduzia a
Sala 8, e tomou conta daquele pedaço. Pós a sacola de papel no chão, apanhou um
quadro da sacola e depois simplesmente pendurou o quadro lá. Foi um gesto
bastante corajoso; a Tate não se sentiria muito feliz em descobrir que alguém estava
roubando não os seus quadros, mas os espaços nas paredes. Talvez as
experiências de seus anos iniciais, quando pintava com spray as ruas de
Bristol, tenha ajudado a acalmar os nervos, pois ele não deu nenhuma mostra de
pânico quando pôs a mão na sacola outra vez e tirou um impressionante papel
branco no qual estava a legenda de sua obra. Afixou-o adequadamente ao lado. E depois
foi embora (...) O quadro foi intitulado Crimewatch UK Has Ruined The
Countryside for All of Us (A vigilância contra o crime no Reno Unido arruinou o
interior para todos nós), a legenda era um dos primeiros entre os muitos
pronunciamentos de Banksy.
Em Banksy: por trás
das paredes. Will Ellsworth-Jones
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