terça-feira, 13 de outubro de 2009

Tracey Emin


Gigante descansa depois da refeição.
Sequestrou bem rápido a retina da nova mulher que de início esperneou,
mas logo soube divisar a maré das horas inevitáveis e profundas.
No exílio foi possível trocar de calendário, de calcinha e abdômen.
Soberbo, ela não chorou.
Só trouxe suas coisas aos bocados e se instalou no meu armário e ossos.
Trocou o cheiro dos meus sabonetes.

Pela manhã não espera que eu a lamba. Já conta sonhos estranhos.
Desenha minhas narinas do gosto acre de seu hálito vespertino.
Sugere aos meus ouvidos devaneios caramelizados de suas horas de escuridão.
E suas mãos sempre frias nas minhas,
nossas mãos incrivelmente nuas e inocentes agora cativas dessa nova vida.
Inteiras e reféns
E cálice
Onde sou gigante.


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