terça-feira, 6 de outubro de 2009

Segundo salto



No segundo salto continuo a gritar.
A voz sai grave
quando antes doía no estômago.
Fonoaudiologias da vida permitem que alguns sobrevivam
e tenham pão recheado.

Ora sim ora também sim
tenho absoluta incerteza do traçado definido para o plano de voo
mas gosto das paisagens que minha escrivaninha aponta.
Tem cheiro de gente nova
jeito de coisa velha
promessa de formas diversas de fiar no mundo.

Vontade de dormir, não escapo.
Há lá encantamentos nas fendas da terra
que no ponto de ônibus é difícil visar os perfis.
Cinco horas calado e parado, de quase todos se exige
Em poucos desce como vitamina.
Quebrem tudo, será meu grito contido
Olhem e duvidem
Escrevam na porta de minha última casa

Mas estes são os meus três segundos de sal.
Se tem sol,
prefiro semear com a aldeia desejos de fim de mundo,
que as bandidas aprendam também.
Parece que da minha janela se vê mais vasto
Adoro este cheiro de respiração.
Estranhos, quais são seus passos?
Darei mel de minhas vísceras
a quem me convencer a dormir todos os dias em seus pensamentos
sou madeira fiel às verticais miragens,
minha sina é o chão.
Por mais que a terra escureça,

não esquecer da esperança como concepção de futuro.

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