Sára Saudhová |
Quando comecei a passear meus dedos
Pela sua marighelazinha já ficando molhada
Ela teve medo e recuou na resitência:
- Stálin! Stálin!
Mas depois deu uma olhada
Viu meu sputinik pronto a entrar em órbita
Exclamou feliz da vida:
- Que vara! Que vara!
- Que nikita mais krutschev!
Eu era o sessenta
Ela era lunática rainha lunik 9
Me sentia como se estivesse dando um cheque-mate
No próprio Karpov
E por não ser nem fidel e nem castro
Lambi sua rosa de luxemburgo
E a linda bolchevique geminha tesudinha:
- Ai língua de seda,
Maravilhosa,
Me lenine toda, meu bem
Me lenine toda,
Todinha!
Arranhava minhas costas com suas unhas de mil caranguejos
E sussurrava entre beijos:
- Marx! Marx!
E o colchão de molas rangia:
- Mao tse tung! Mao tse tung!
Me chamou de seu tesão
Maiokovsky do sertão
Engels azul do meio dia
Poeta do real
Sua fantasia
Olhou-me nos olhos e disse:
- Tú és o meu Brejnev!
E ficamos por um tempão
Deitados no colchão de neve
E nos amávamos
Esperando o intervalo
Entre uma e outra greve
Trotsky! Ela tinha uma bezerra gregoriana
Que deixava lamarcas
E quando o êxtase atingiu ao seu máximo górki
Quando estava prestes a acontecer um orgasmo dissidente
Sussurou rangendo os dentes
- Chove dentro de mim,
Chove, chove,
Gorbatchev!
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