segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Amor ao mar


Você é todo veludo,
aquátil sol e berço.
Munzuais moram na umidade aderida ao seu sorriso.
Sumiu no mundo todos os talvez,
súbito clarão no corpóreo plâncton.
Preito maior são seus costões,
cobertos de anêmonas e intenções.
Sim, segui sem velhos nomes arrastada por seus presságios abissais.
No trajeto brotaram escamas de areia no espelho.
Peguei meu vestido e entreguei,
ao pescador de verso implícito,
minhas formas raras ainda brutas e impregnadas de náusea.
Você, tridente de espuma, finalmente maresia, confessou meus horizontes.
Toda uma realidade que transcende.
Nem contra o tédio precisou investir. Suas marés me transferem.
Correntezas animam o farol que me engole
Está perto e sentir saudades é pista de arrebentação.
Dentros que se derretem como visões praianas de Caymmi
Entre aquele pedacinho acumulado de oceano e as fronteiras das gotas de sal,
jardim em contracorrente onde acenam pérolas do mar.
Perante sua marinha presença,
já não tenho medo da corrosão concentrada do tempo.
É agora o mergulho para não interromper os distúrbios das sereias
nem subtrair mistérios de seus tentáculos recolhidos.
Até seus ríspidos rochedos, seus nevoeiros azuis me adornam.
Meu colar de aguerridos tráfegos.
O próprio ver desenfreado.
Se não fosse teu curso, me julgavas louca
Você pareou o impossível,
Só porque pariu Afrodite.


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