segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Roma




Charles Spencelayh

Sua intenção colonial quer me decifrar. 
Diferente do costume das histórias, 
roma piedosa só conheço quando pregada nos murais dos templos.
A verdade é que seu hábito é implacável com minha carne, 
não vacila em exigir minhas ilusões.
Talvez porque um dia recusei sua promessa romântica,
que não aceita feminina a lâmina o meu punhal,
acena-me, afinal, com suas persistentes gerações de violência
também templos de umbrais altos de onde mouros bordam cordas de éter para enfrentar a queda. 
Não sou um deus, mas me vingo.
Tenho minha ciência. 
Fez-me um poeta lunático a desabrochar. 
Então, não te toco no silêncio, 
Se o fizesse, é possível que só nos restasse pele.
Teríamos todo o verniz corroído pela verdade. 
Sentiríamos terror?
 Paixão?
Isso me provoca dúvidas: 
Tudo o que preciso está sobre seus cacos?
Qual é razão de mostrarmos nossos corpos?
Na quarto por cima de minha existência,
seu jogo é fazer de nossa união uma festa lisérgica.
Durante certo tempo entorpece os gritos de nossos espectros, 
rege habilidosa a orquestra de nossos desejos ímpares.
Mas se não temos tato, 
no escuro, 
as formas que podemos esculpir são a nossa própria fotografia.
o que a memória evoca são liberdades borradas.
Nosso olhar sempre nos persegue
Está certo.
Confesso, 
estou sendo puritano. 
É crível o sol aparecer
É possível buscar a melhor forma de estar no mundo.
Em horas amenas encontrar-se atemorizado com o outro nas bordas de pelejas gigantes.
Cada um em sua margem. 
Sem telescópio. Sem microscópio. Só bandeiras.
Ousadas línguas humanas a escalar Olimpos de vontade. 
Movidos da intuição de que não nascemos sésseis. 
De que ali, bem aqui,
 não há impérios
São serranias fantásticas que nos restituirão o passo
e no outro passo (e não no outro)
nossa deidade adocicada.





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