FernandoVicente |
Para o sexo a espirar,
eu me volto, expirante.
Raiz
de minha vida, em ti me enredo e afundo.
Amor,
amor, amor - o braseiro radiante
que
me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo.
Pobre
carne senil, vibrando insatisfeita,
a
minha se rebela ante a morte anunciada.
Quero
sempre invadir essa vereda estreita
onde
o gozo maior me propicia a amada.
Amanhã,
nunca mais. Hoje mesmo, quem sabe?
enregela-se
o nervo, esvai-se-me o prazer
antes
que deliciosa, a exploração acabe.
Pois
que o espasmo coroe o instante do meu termo,
e
assim possa eu partir, em plenitude o ser,
de
sêmen aljofrando o irreparável ermo.
Carlos Drummond de Andrade
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