quinta-feira, 28 de julho de 2011

Amor, ventura

Amor, ventura,
não tenho.
Mas dor obscura
e tempo.

Deus encoberto
não vejo,
mas perto e certo
o entendo.

Vive, não vivo:
contemplo
meu sonho ativo
e isento.

Que mundo existe,
suspenso,
depois de um triste
degredo?

Não quero o acaso!
E penso:
lavra o meu prazo
que vento?


Cecília Meireles

Nenhum comentário:

Postar um comentário