Eu
escrevo com a minha lingua úmida
A
palavra milagrosa em seu corpo,
E
a palavra abre o segredo de suas carnes
E
dá aos meus dentes o mundo quente e vermelho de suas entranhas.
Você
sorri,
Você
sorri suavemente,
E
eu bebo o sangue de que são feitos os seus sorrisos
E
deixo que seus olhos brinquem em baixo de minha língua como grandes balas de
mel
Antes
que rolem pela ingreme ladeira de minha faringe
E
iluminem o mundo turvo do meu estômago.
Eu
me levanto em seguida
E
dou um sonoro arroto.
Limpo
o sangue de meus lábios com seus cabelos
E
jogo fora o que resta de você,
antes
que apodreça.
Depois
vou devagar e atento pela floresta,
Pelas
ruas,
Pensando
no jantar.
ABEL
SILVA
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