sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Horas escuras desta única noite que se revela.
Adiantando os olhos ao longe parece que se cala o cerrado.
Enquanto que a vista, nati-ausente, desbota o mato, bicho e pedras.
Morto estará o cerrado ou este corpo parado?
Ninguém responde. Ninguém nunca responde.
Também não há palavras exatas que contentem respostas tolas a bilhões de orelhas e olhos.
Nunca basta o chão e o coração.
Sempre é preciso mais lenha para queimar o alimento e esquentar a casa.
Não deve faltar infinita água para banhar a faringe e a calçada.
Moeda que não é pão.
Mas nesta noite insone parece que algo atinge o canto esquerdo do peito de uma única criança.
Calada, ela sente que talvez haja esperança para aquele carvoeiro jurado de frio machado
ou
para aquelas pedras cansadas na beirola do rio.
Quem sabe estas horas escuras não findem
ou
não nasçam mais calangos, chichás e micróbios.
Assim, rompendo uma antiga aliança
faz-se desta noite uma eterna noite
Um não ser mais de um sempre.
Quem sabe, assim, como crianças voltemos para cama
e descansemos um pouco.

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