Sinto-me como a menina púbere em seu primeiro sutiã. Anda encurvada na intenção que a lua nova não seja notada. Disfarça, mas se orgulha ao despojar as vestes dos primeiros tempos. Tanto o que aprender, espanta. Mas procuro me fiar que retidão de caráter e coração serão minhas vestes contra o desamor. Em apenas uma semana perdi o sono e retive a coluna. Ensinamento crucial: não levar para casa o desamor. Deixá-lo na soleira junto com os vasos de plantas. Fiar-me que o jeito será dado. Se não se deu é porque não se assegurou o tempo preciso. Lembrar, de anotar na porta da geladeira: repetir este ensinamento como um mantra. Buscar a força na força, a beleza na beleza, a cor na cor. Celebrar a vida e as possibilidades. Aqui dentro do coração o tom é de borboleta. Ele assegura as doses homeopáticas de lucidez que preciso para exercer a função de existir. Medo, solidão, angústias, tristeza, dor... são do fundo da xícara. Me fazem provar o cheiro da coragem, a textura da comunhão, o sabor da serenidade, os tons da felicidade. São todos irmãos e precisam ser afinados, deixados também à soleira da porta junto aos vasos de plantas. Neste dia verde, experimento a alegria e a solitude. Compartilho com as formigas a novidade. Senti certa falta do passado, mas foi sutil. Foram serenas as ondas do dia, mesmo que pouco produtivas no sentido laborial do sentido. Senti mais saudades do futuro. Você bateu em mim e não colou. Talvez não era certa a cor do cabelo e você continuou olhando a alvorada. Então, vou dormi só e com frio, que hoje o dia se fez molhado e gelado. O calor está aqui dentro do coração.
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