Agora sei quem sou.
Sou
pouco, mas sei muito,
porque
sei o poder imenso
que
morava comigo,
mas
adormecido como um peixe grande
no
fundo escuro e silencioso do rio
e
que hoje é como uma árvore
plantada
bem alta no meio da minha vida.
Agora
sei as coisa como são.
Sei
porque a água escorre meiga
e
porque acalanto é o seu ruído
na
noite estrelada
que
se deita no chão da nova casa.
Agora
sei as coisas poderosas
que
valem dentro de um homem.
Aprendi
contigo, amada.
Aprendi
com a tua beleza,
com
a macia beleza de tuas mãos,
teus
longos dedos de pétalas de prata,
a
ternura oceânica do teu olhar,
verde
de todas as cores
e
sem nenhum horizonte;
com
tua pele fresca e enluarada,
a
tua infância permanente,
tua
sabedoria fabulária
brilhando
distraída no teu rosto.
Grandes
coisas simples aprendi contigo,
com
o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com
as espigas douradas no vento,
com
as chuvas de verão
e
com as linhas da minha mão.
Contigo
aprendi
que
o amor reparte
mas
sobretudo acrescenta,
e
a cada instante mais aprendo
com
o teu jeito de andar pela cidade
como
se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com
o teu gosto de erva molhada,
com
a luz dos teus dentes,
tuas
delicadezas secretas,
a
alegria do teu amor maravilhado,
e
com a tua voz radiosa
que
sai da tua boca
inesperada
como um arco-íris
partindo
ao meio e unindo os extremos da vida,
e
mostrando a verdade
Como
uma fruta aberta.
Thiago
de Mello
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