a roberto y adelaida
De vez en cuando la alegria tira piedrítas contra mi ventana
quiere avisarme que está ahí esperando
pero hoy me siento calmo
casi diria ecuáníme
voy a guardar la angustia en su escondite
y íuego a tenderme cara ai techo
que es una posición gallarda y cómoda
para filtrar noticias
y creerlas quién sabe dónde quedan mis próximas huellas
ni cuándo mi historia va a ser computada
quién sabe quê consejos voy a inventar
aún y quê atajo hallaré para no seguirlos
está bien no jugaré aí desahucio
no tatuaré eI recuerdo cori olvidos mucho queda por decir y callar y también quedan uvas para llenar ia boca
está bien me doy por persuadido
que la alegria no tire más piedrítas
abriré la ventana
abriré la ventana
De vez em quando a alegria atira pedrinhas em minha janela
quer avisar-me que está lá esperando
mas hoje me sinto calmo
quase diria equânime
vou guardar a angústia em seu esconderijo
e logo estender-me de cara ao teto
que é uma posição galharda e cômoda para filtrar notícias
e acreditar nelas
quem sabe onde ficam minhas próximas pegadas
nem quando minha história vai ser computada
quem sabe que conselhos vou inventar ainda
e que atalho acharei para não segui-los
está certo não brincarei de despejo
não tatuarei a recordação com esquecimentos
muito fica por dizer e calar
e também ficam uvas para encher a boca
está bem me dou por persuadido
que a alegria não atire mais pedrinhas
abrirei a janela
abrirei a janela
Mario Benedetti
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