Eu sou barroca
alguns pedaços de mim já são adorno
outros destroços.
no meu traço o horizonte se estende
sempre no mesmo som e no mesmo azul
em versões infinitas de eventualidades.
Eu tenho apegos:
apego por meu novo guarda-chuva de hibisco
que atravessa a chuva com intenções de borboleta
e de rodopio de menina nas poças.
Apego por uma pilha equilibrada de livros ao lado da cama,
Rimbaud com mania de comparecer aos próprios desencontros
mesmo que sejam de amor natural.
Eu sou, aliás, uma vírgula
acerto de incertezas que garantem o assombro e o delicado da vida
entre enfim e até quando,
eu sinto tédio,
por isso respiro a mesma fotografia
e não faço questão de tomar chá as cinco.
Prefiro as horas afeitas aos poetas
e seus abraços se derretendo na roda de minha solitude.
Eu sou caminho.
E o carnaval é o ângulo onde mais estou crua.
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