domingo, 6 de setembro de 2009

Poeta em suspensão





Mulher com fala atravessou a rua para me beijar.
Vestida de madrugada suspendeu meu primeiro juízo.
Não era tão osso. Tinha poesia nas ventas. Queria sempre outro copo.
Curti.
Segui.
Parti.
Mas ela bateu à minha porta com um poeta maior.
Com suas mãos tirou meu sexo das calças.
Curti mais ainda.
Aceitei brincar.

A três centímetros do chão
queria ser minha amiga
queria que cantasse com ela.
A nove centímetros do chão
me deu seus primeiros versos.
Emaranhados estavam seus mistérios.

Neste momento levantei da cadeira e me debrucei à janela.
O mais infeliz do infeliz dos homens me soprou o silêncio.
Ela viu e floriu
me deu mais versos para cheirar.

Vesti meu terno.
Fui desfilar alguma coisa aos seus ouvidos.
Ela foi ao mar.
Pediu um presente.
Salgou meus olhos e minha garganta.
Tinha pressa e não mais flores para dar
Era uma mulher, só, não um poeta.
Dobrou os lençóis, ligou o despertador, guardou as garrafas e seus poemas rasgados.
Não ligou a televisão porque não a tinha em casa.
Do seu coração escreveu este conto.
E saiu cheirosa em dó
macia que só
em sua nova pele violeta

Mulher derrotada
não sabe que acendeu três segundos de minha alma.

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