A intuição gritou:
Poesia, Desajuste, Querer bem.
A pele respondeu:
Calor, Movimento, Mistérios.
Então, retomou-se o batuque em compasso desconhecido.
Tambor em cor: tum-verde; tum-violeta; tum-tum-tom.
Desvirou-se e passou a andar desarmada entre as laranjeiras.
Estendeu seus domínios até onde vai a terra de todos os homens.
Reconciliou-se com eles e convidou um para brincar.
Achando que era um deus-passarinho
Entregou-lhe bolinhas de papel, deu suas lágrimas, suas horas escuras.
Recebeu o silêncio, a desvontade e palavras bem enferrujadas:
Só desejo que você seja livre.
Comporte-se direitinho.
Não fica no sereno.
O aferidor de encantamentos fora lançado das mãos masculinas de encontro à sua alma feminina.
Sangrou-lhe os brios.
Não foi o não: Seu tempo é seu tempo. Os contos são seus. Sua vontade do amanhã você que constrói.
Doeu ver o desejo masculino de objetivação feminina ferir um deus-passarinho.
Ter eu e você, só homem e mulher simplesmente.
A mulher que não quer ser vassala do homem está longe de evitar este encargo.
Tenta ser o objeto de seu desejo,
Procura fazê-lo instrumento de seu prazer.
Em tempos de colheita,
abole-se a intenção de competição.
Ela se compraz em viver plenamente sua condição de mulher
Ele vive sua condição de homem
Ambos alimentam de mão dados um deus-passarinho.
Pena que o tempo de hoje se faz de mãos apartadas e de pouca água.
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