quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
A Flauta Vértebra
A todos vocês, que eu amei e que eu amo,
ícones
guardados num coração-caverna,
como
quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto
de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria
melhor talvez pôr-me o ponto final de um balaço.
Em
todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca
aos salões do cérebro um renque inumerável de amadas.
Verte
o riso de pupila em pupila,
veste
a noite de núpcias passadas.
De
corpo a corpo verta a alegria.
esta
noite ficará na História.
Hoje
executarei meus versos na flauta de minhas próprias vértebras.
Vladimir
Maiakovski
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