quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Com Fúria e Raiva

Ignacio Nazabal 


Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra


Sophia de Mello Breyner Andresen



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sonja Wimmer
 
 
[...]Esse entusiamo é uma vitamina E. "E" de Entusiasmo. Que vem de uma palavra grega que  significa "ter os deuses dentro". E toda vez que vejo que os deuses estão dentro de uma pessoa, ou de muitas, ou de coisas! Da natureza, montanha, rios... Enfim, aí eu digo: Isso é o que falta para me convencer de que viver vale a pena. Então, estou muito contente de estar aqui, como estive antes na Praça do Sol, porque é a prova de que viver vale a pena. E que viver está muito, muito mais além das mesquinharias da realidade política onde se ganha ou se perde... E da realidade individual também! Onde só se pode "ganhar ou perder" na vida! E isso importa pouco. Em relação com esse outro mundo que te aguarda. Esse outro mundo possível. Que está na barriga deste! Vivemos num mundo infame, eu diria! Não incentiva muito... Um mundo mal nascido... Mas existe outro mundo na barriga deste. Esperando... Que é um mundo diferente. Diferente e de parto complicado. Não é fácil o nascimento. Mas com certeza pulsa dentro do mundo em que estamos. Um mundo que "pode ser" pulsando no mundo que "é". Que eu reconheço nessas manifestações espontâneas na Praça Catalunya, ou na Sol em Madri. São as que pude acompanhar. Sei que existem muitas outras, que são a prova disso. E alguns me perguntam: O que vai acontecer? E depois?! Que vai ser? E eu respondo o que vem da minha experiência e digo: Bom... nada! Não sei o que vai acontecer! E não me importa o que "vai" acontecer! Me importa o que "está" acontecendo. Me importa o tempo que "é". E o que "é" é o tempo que se anuncia sobre outro tempo possível que "acontecerá". Mas o que acontecerá no fim, não sei! É como se me perguntassem toda vez que me apaixono, quando vivo uma experiência de amor de verdade. Quando sinto que vivo e não me importo se morrerei nesse momento mágico, quando acontece. Pois então... O amor é assim! "É infinito enquanto dura!" É importante que seja infinito enquanto dura. Não temos que planejar tudo como se estivéssemos fazendo o balanço do banco! Assim: "Dívida, balanço, saldo! Estatísticas, probabilidades" Vamos consultar as meninas Super Poderosas, ou isso que chamam "Standard & Poor's". É um nome muito eloquente, que significa: "média ou pobreza". Vejamos o que dizem a "Média ou Pobreza", o que nos espera? Que merda me importa o que nos espera?! Esses tecnocratas de quinta categoria, que são uns ignorantes! Que não sabem porra nenhuma e que ganham uns salários altíssimos! E em cada crise que eles desatam acabam aumentando suas fortunas! Porque são recompensados por essas façanhas que consiste em arruinar o Mundo. Esse é o mundo ao contrário: Que recompensa a seus arruinadores ao invés de os castigar! Não tem nenhum preso entre os banqueiros que promoveram, provocaram essa crise no planeta inteiro. Nenhum preso! E por outro lado, há milhares de presos por terem consumido maconha, ou terem roubado uma galinha! Milhares de presos! É o mundo ao contrário! Um mundo de merda! Mas não é o único mundo possível. E cada vez que eu me junto a essas concentrações lindíssimas com os jovens, penso: Há um outro mundo que nos espera: esse "outro mundo". Esse mundo de merda está grávido de outro. E são os jovens que nos levam para frente. Esses jovens excluídos pelas seleções regidas pelos interesses dos partidos políticos. E os jovens já não votam! Eu agora venho da América do Sul. Os jovens chilenos não votaram no Chile. 2 milhões de jovens chilenos não votaram! Não votaram porque não acreditam na democracia que oferecem a eles. E agora quantos jovens não votaram na Espanha? Nem sei! Nem foram contados! Mas dentro dos 10 milhões de espanhóis que não votaram, deve haver muitos jovens que não votaram! E não votaram porque não acreditam nessa democracia que oferecem! E não achem que não acreditam "Na Democracia"; não! Mas "Nessa Democracia" manipulada, nesse nome sequestrado, pelos banqueiros, pelos políticos mentirosos, pelos "artistas de circo" que oferecem um pirueta diferente a cada dia. Havia um velho político no Uruguai, morreu há muito tempo - que não era revolucionário nem nada, um político do sistema. Mas era um homem que conhecia a vida melhor que os outros. E quando lhe ofereciam um candidato a deputado na lista do Partido Nacional - Se chamava Herrera. Falava "axim", fanhoso e tal. - E diziam: "que você acha se indicarmos pra senador o fulanito?" E ele: "Não, não, não! Esse é um redondo" Redondo! Ele chamava de "redondo" aos que ficavam redondos de tanto girar. E era verdade! E na realidade política atual há uma imensa quantidade de redondos que ficam redondos de tanto darem voltas. E os jovens têm culpa de não acreditarem nos redondos?! Ou são os redondos que tem culpa de que os jovens não acreditem neles? E por isso eu gosto de estar aqui conversando. É disso que eu gosto: jogar conversa fora. Se você tivesse pedido para oferecer minha versão do destino da humanidade teria dito: não! Eu gosto de jogar conversa fora, conversar como os meus iguais. Porque são iguais a mim. Porque somos todos iguais na luta por uma vida diferente. E tomara que isso siga vivo, porque senão... Pra que merda vou viver? Se não for porque acredito em algo melhor que isso que é o que me espera. [...]

Transcrição de parte do depoimento de Eduardo Galeano na Praça da Catalunya, 24/04/2011.

domingo, 25 de novembro de 2012


Coito abstrato


Jacek Yerka
Quero te comer agora.
Suas elipses róseas na boca do céu
antes de que a lua saia.
Vou me distrair nas suas costas.
Serei lá uma montanha firme.
É essa a paisagem que quero assistir:
Seu corpo sob o duro piso.
A úmida caverna.
As petulantes nádegas.
Antes que a lua saia te dar o céu do céu.
Descansar nas margens dos rios que escorrerão.
Não terás um gozo gris.
Só o abismo de flores.
Depois, requisitarei os teus peitos.
De lá
tirarei o sal para continuar a te contar histórias.
E assim, frente a frente, lembrarei melhor de sua boca.
Minha imaginária vulva.
Até a hora do gozo homicida
teremos muitas memórias de beijos para nos agarrar. 
Sobreviveremos juntos,

alucinados.





.

Muitas palavras sem amor




Infinitas são nossas brincadeiras.
Mas o amor é seco quando não se faz.

molhar um amor...

com palavras apenas...

é existir a existência do poeta que não finge.

Diante dos postes e das árvores,
e de suas experiências ordinárias de postes e de árvores, prefere o mar.
Finge que não sente,

não explica o que não tem razão.

Porque é simples assim: prefere o mar.
É lá no mar que se dão suas simplicidades das coisas de ninho. 

Ainda bem que existem outras redes,

outras Joanas
e muitas Marias.

Desse chão de cerrado, que faz parte do meu coração, então, te digo:

Há nuvens de céu que cabem vôos de pássaros ou joaninhas.

Há planos de voo que incluem quadris em circulo no dorso da boca.
Afinal, sente-se deveras esperar novembro.
É uma promessa.
É também a chuva.
Sou eu - vou repetir -
Sou eu, que até o desaguadeiro d´ alma, é assim sempre menino.
Sou eu,

que mesmo com a espinha de rabo de peixe,

entende pouco das coisas do mar e do amar. 
Por tanto, ao invés de dizer, pergunto:

Onde o homem se banha alguém já viu o mar?


A trama de nossa rede é larga.
Olho em ti e não entendo seus mistérios.
Diz que está chovendo ai no teu coração.
E foi uma joaninha velha que contou.









sábado, 24 de novembro de 2012

Poema da Eterna Presença



Estou, nesta noite cálida, deliciadamente estendido sobre a relva,
de olhos postos no céu, e reparo, com alegria,
que as dimensões do infinito não me perturbam.
(O infinito!
Essa incomensurável distância de meio metro
que vai desde o meu cérebro aos dedos com que escrevo!)

O que me perturba é que o todo possa caber na parte,
que o tridimensional caiba no dimensional, e não o esgote.

O que me perturba é que tudo caiba dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do todo.
E em mim continuaria a caber se me cortassem braços e pernas
porque eu não sou braço nem sou perna.

Se eu tivesse a memória das pedras
que logo entram em queda assim que se largam no espaço
sem que nunca nenhuma se tivesse esquecido de cair;
se eu tivesse a memória da luz
que mal começa, na sua origem, logo se propaga,
sem que nenhuma se esquecesse de propagar;
os meus olhos reviveriam os dinossáurios que caminharam sobre a Terra,
os meus ouvidos lembrar-se-iam dos rugidos dos

oceanos que engoliram
continentes,
a minha pele lembrar-se-ia da temperatura das geleiras que galgaram sobre a
Terra.

Mas não esqueci tudo.
Guardei a memória da treva, do medo espavorido
do homem da caverna
que me fazia gritar quando era menino e me apagavam a luz;
guardei a memória da fome;
da fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez estender os lábios sôfregos para mamar quando cheguei ao mundo;
guardei a memória do amor,
dessa segunda fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez desejar a mulher do próximo e do distante;
guardei a memória do infinito,
daquele tempo sem tempo, origem de todos os tempos,
em que assisti, disperso, fragmentado, pulverizado,
à formação do Universo.

Tudo se passou defronte de partes de mim.
E aqui estou eu feito carne para o demonstrar,
porque os átomos da minha carne não foram fabricados de propósito para mim.

 Já cá estavam.
Estão.
E estarão

António Gedeão

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O Medo

Jamison

Em verdade temos medo.
Nascemos no escuro.
As existências são poucas;
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.
E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
Vadeamos.
Somos apenas uns homens e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.
Refugiamo-nos no amor,
Este célebre sentimento,
E o amor faltou: chovia,
Ventava, fazia frio em São Paulo.
Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
Nos dissimula e nos berça.
Fiquei com medo de ti,
Meu companheiro moreno.
De nos, de vós, e de tudo.
Estou com medo da honra.
Assim nos criam burgueses.
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?
Vem, harmonia do medo,
Vem ó terror das estradas,
Susto na noite, receio
De águas poluídas. Muletas
Do homem só.
Ajudai-nos, lentos poderes do
Láudano.
Até a canção medrosa se parte,
Se transe e cala-se.
Faremos casas de medo,
Duros tijolos de medo,
Medrosos caules, repuxos,
Ruas só de medo, e calma.
E com asas de prudência
Com resplendores covardes,
Atingiremos o cimo
De nossa cauta subida.
O medo com sua física,
Tanto produz: carcereiros,
Edifícios, escritores,
Este poema,
Outras vidas.
Tenhamos o maior pavor.
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.
Adeus: vamos para a frente,
Recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,
Eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
Dançando o baile do medo.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 21 de novembro de 2012



Dos medos nascem as coragens;
e das dúvidas as certezas.
Os sonhos anunciam outra realidade possivel,
e os delirios, outra razão.
Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos.
A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine,
mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia.
Nesta fé, fugitiva, eu creio.
Para mim, é a única fé digna de confiança,
porque é parecida com o bicho humano, fodido mais sagrado,
e à louca aventura de viver no mundo.

Eduardo Galeano

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O sal da língua




Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
 Eugênio de Andrade

domingo, 18 de novembro de 2012

Litania


O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,

e contudo sombrias, e contudo transparentes;

o triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece

navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror,

são a grande razão, a única razão.


Eugênio de Andrade:

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Espelho

Giuliano Borghesan


Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.

Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.

A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.
 
Mia Couto

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dia das mulheres



No dia das mulheres meu pai sempre nos trouxe flores ou presentes.
Pela pedagogia do exemplo foi esse HOMEM que também me ensinou a ser feminista.
Porque era COMPANHEIRO na relação com a mulher que escolheu construir sua casa, sua família e compartilhar sua vida.
Porque era PAI no sentido pleno da ação com suas filhas
(exemplo de compromisso, de profunda amorosidade, de disponibilidade com as meninas que ele fez filhas do coração).
Porque era PARCEIRO no trabalho que levou com tantas mulheres - encantado, sensível, respeitoso e consciente do julgo da opressão e dureza que a condição feminina sócio-historicamente está submetida.
Porque era AMIGO, atento, solidário, brincalhão.
Porque era MILITANTE, vigilante quanto às armadilhas do machismo que nos constitui.
Ele não era perfeito (era ciumento e mal humorado).
Ele não nasceu assim, ele assumiu o esforço cotidiano de se forjar assim.
No dia das Mulheres, saúdo esse projeto de HOMEM capaz de amar as MULHERES

e não as patroas, as empregadas, as subalternas, as vítimas, as filhinhas, a propriedade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Dificuldade de Governar

Guillermo Pérez Rancel



1.
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2.
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3.
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4.
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht

A OPINIÃO EM PALÁCIO


O Rei fartou-se de reinar sozinho e decidiu partilhar o poder com a Opinião Pública.

― Chamem a Opinião Pública ― ordenou aos serviçais.

Eles percorreram as praças da cidade e não a encontraram. Havia muito que a Opinião Pública deixara de freqüentar lugares públicos. Recolhera-se ao Beco sem Saída, onde, furtivamente, abria só um olho, isso mesmo lá de vez em quando. Descoberta, afinal, depois de muitas buscas, ela consentiu em comparecer ao Palácio Real, onde Sua Majestade, acariciando-lhe docemente o queixo, lhe disse:

― Preciso de ti.

A Opinião, muda como entrara, muda se conservou. Perdera o uso da palavra ou preferia não exercitá-lo. O Rei insistia, oferecendo-lhe sequilhos e perguntando o que ela pensava disso e daquilo, se acreditava em discos voadores, horóscopos, correção monetária, essas coisas. E outras. A Opinião Pública abanava a cabeça: não tinha opinião.

― Vou te obrigar a ter opinião ― disse o Rei, zangado. ― Meus especialistas te dirão o que deves pensar e manifestar. Não posso mais reinar sem o teu concurso. Instruída devidamente sobre todas as matérias, e tendo assimilado o que é preciso achar sobre cada uma em particular e sobre a problemática geral, tu me serás indispensável.

E virando-se para os serviçais:

― Levem esta senhora para o Curso Intensivo de Conceitos Oficiais. E que ela só volte aqui depois de decorar bem as apostilas.

Carlos Drummond de Andrade