quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Grande aula, a do silêncio.
Traça a reta e a curva, a quebrada e a sinuosa.
Tudo é preciso. De tudo viverás.
Cuida com exatidão da perpendicular e das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo, traçarás perspectivas,
Projetarás estruturas.
Número, ritmo, distância, dimensão
Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.
Construirás os labirintos impermanentes que sucessivamente habitarás.
Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.

Cecília Meireles,
Trecho do poema "O Estudante Empírico".

Um comentário:

  1. A história da foto é fantástica. Jean Manzon em um sanatório é interpelado por um interno:
    - Você é fotógrafo?
    (respondeu): Sim.
    (O "louco"): É que fui bailarino.
    O artista dá o salto, o outro eterniza a imagem. Talvez o último registro de dança do grande bailarino Vaslav Nijinsky.

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