domingo, 1 de dezembro de 2013



Numa quarta-feira, em meados de outubro de 2003, um homem de barba, alto, ligeiramente desalinhado um sobretudo escuro, com lenço no pescoço e um tipo de chapéu maleável  que os jogadores de críquete costumavam usar, entrou na galera Tate portando uma sacola de papel.
Banksy (era ele mesmo) passou direto pelos seguranças, provavelmente mais preocupados com o que os visitantes pudessem levar para fora do que com o que chegavam trazendo, e seguiu seu caminho desimpedido até a Sala 7, no segundo andar. Era um local bem escolhido que ele deve ter sondado antes. Pois essa não é uma parte da galeria na qual você simplesmente adentra: não há uma entrada direta a partir de um corredor principal, e é preciso passar por uma outra seção para chegar até ali. Um local geralmente muito tranquilo, que permite a passagem entre espaço menores, em vez de ter que percorrer apenas um grande salão.
Tendo escolhido sua área na galeria, ele teve que escolher uma parte da parede. Encontrou espaço suficiente entre uma paisagem bucólica do século XVIII e a porta que conduzia a Sala 8, e tomou conta daquele pedaço. Pós a sacola de papel no chão, apanhou um quadro da sacola e depois simplesmente pendurou o quadro lá. Foi um gesto bastante corajoso; a Tate não se sentiria muito feliz em descobrir que alguém estava roubando não os seus quadros, mas os espaços nas paredes. Talvez as experiências de seus anos iniciais, quando pintava com spray as ruas de Bristol, tenha ajudado a acalmar os nervos, pois ele não deu nenhuma mostra de pânico quando pôs a mão na sacola outra vez e tirou um impressionante papel branco no qual estava a legenda de sua obra. Afixou-o adequadamente ao lado. E depois foi embora (...) O quadro foi intitulado Crimewatch UK Has Ruined The Countryside for All of Us (A vigilância contra o crime no Reno Unido arruinou o interior para todos nós), a legenda era um dos primeiros entre os muitos pronunciamentos de Banksy.


Em Banksy: por trás das paredes. Will Ellsworth-Jones 

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