sábado, 8 de maio de 2010

Aquilo nem era só mata, era até florestas! Montamos direito, no Olho-d'Água-das-Outras, andamos, e demos com a primeira vereda - dividindo as chapadas - : o flaflo de vento agarrado nos buritis, franzido no gradeal de duas folhas altas; e, sassafrazal - como o da alfazema, um cheiro que refresca; e aguadas que molham sempre. Vento que vem de toda parte. Dando no meu corpo, aquele ar me falou em gritos de liberdade. Mas liberdade - aposto - ainda é só alegria de um pobre caminhozinho, no dentro do ferro e grandes prisões. Tem uma verdade que se carece de aprender, do encoberto, e que ninguém não ensina:o beco para a liberdade se fazer. Sou um homem ignorante. Mas, me diga o senhor: a vida não é cousa terrível?
Lengalenga. Fomos, fomos.

João Guimarães Rosa em "Grande sertão: Veredas"

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