sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.
Não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais.
Não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.
Não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos.

João Cabral de Melo Neto

3 comentários:

  1. LIndo.... posso copiar, citando a fonte?

    ResponderExcluir
  2. uai, claro, linda, este cantinho é pra socializar mesmo. Vc inclusive pode compartilhar no FB. Bom saber q vc frequenta este jardim. bjk

    ResponderExcluir
  3. Como sempre lindo, Mari. bjinhos

    ResponderExcluir