sábado, 2 de abril de 2011

Memorial: uma introdução

Zeca Linhares
Sou mais sensível à poesia
do que às tecnologias
Gosto de crianças
apesar de saber que preciso
aprender muito sobre a delicadeza e a paciência.
Para mim diva é
a mãe, a água e a banana.
Há pouco passei a temer a doença e a morte da aldeia.
Procuro ter sempre uma planta na varanda.
Tem milhões de coisas que não entendo,
uma é pinguim no Rio de Janeiro
outra é professor valer meio tostão.
Já sentei meu primo no formigueiro.
Na verdade, minha irmã também.
Lá entre o pó e o espinho,
faço confissões à Ana Cristina Cesar.
Meu terceiro olho fica no nariz.
Não sou boa de dizer eu te quero.
Sinto saudades do meu pai.
Admiro pessoas que fazem carinho.
Quebrar coisas,
andar descalça
e queimar panelas,
não consigo evitar.
Lugar bom é no miolo de uma onda.
Me dê uma flor que aciono um arco-íris.
Nos sonhos sou bailarina.
Dizem que eu tenho as fronteiras de veludo
Nasci na quarta-feira de cinzas.
Tenho AVC de longa duração.
Adoro desenhar sereias orelhudas.
Otimista só de raiva.


2 comentários:

  1. Puxa, que lindeza... minha amiga é valiosa, honesta, sensível, bonita, dedicada, aguerrida e poeta. Uma violeta lilás e branca na minha janela.

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