terça-feira, 6 de agosto de 2013

Vasto e pequeno

Ahmed Al Safi
Na barriga ou no coração,
dependendo da boa combinação,
É possível encontrar, nos amantes, objetos de culto à sagração.
Todo amante tem uma pinça de relojoeiro,
um telescópio de astronauta,
e uma chave para o terraço.

Aquele que nunca amou ou pouco quis
talvez precise de uma explicação.

Todo amante manobra o tempo 
de forma a botar reparo 
nos encantos dos corpos que sofrem transformações amorosas 
provenientes da interação com o infinito.
Sua pinça é delicada e auspiciosa.

No nano-espaço ou na cosmo-distância, 
todo amante é capaz de focalizar em perfeição 
o alvo no astro do umbigo do outro. 
Provisões de oxigênio vêm acopladas, 
já que certamente é afetado o hálito da respiração.
Seu telescópio é seu pulmão 
são seus sentidos.

Todo amante percorre a casa, 
adora o templo 
e monta sua barraca no último andar com vista para deus.
Sua chave é si mesmo.

Todo amante deveria ter direito à licença paixão
decretada  na constituição.
Diz a ciência, por três meses. 
Dizem os amantes, até a próxima encarnação.

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