segunda-feira, 11 de novembro de 2013






A melhor coisa naquele lugar havia sido o colar persa e ter conhecido Robert, que manteve sua palavra ao não dar o colar a nenhuma garota. Em nossa primeira noite juntos no Hall Street, ele me deu o adorado colar, embrulhado em um pano roxo e amarrado com uma faixa preta de cetim. O colar foi e voltou, circulando entre nós, ao longo dos anos. A propriedade era de quem precisasse mais. Nosso pendor mútuo para os códigos se manifestava em diversas brincadeirinhas. A mais frequente se chamava Um Dia Um, Outro Dia Outro. A premissa era simplesmente que um de nós sempre tinha que estar atento, sendo o protetor escolhido. Se Robert tomasse uma droga, eu precisava estar presente e consciente. Se eu estava deprimida, ele precisava estar animado. Se um adoecia, o outro ficava saudável. O importante era que nunca exagerássemos no mesmo dia. No começo fraquejei, e ele estava sempre lá com um braço, uma palavra de estímulo, coagindo-me a sair de dentro de mim mesma e mergulhar no meu trabalho. Mas ele também sabia que eu não falharia se ele precisasse que eu fosse forte. 


Patti Smith - Só garotos

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