quarta-feira, 30 de junho de 2010

Bar

No mármore da mesa escrevo

Letras que não formam nome algum.

O meu caixão será de mogno,

Os grilos cantarão na treva...

Fora, na grama fria, devem estar brilhando as gotas pequeninas do orvalho.

Há, sobre a mesa, um reflexo triste e vão

Que é o mesmo que vem dos óculos e das carecas.

Há um retrato do Marechal Deodoro proclamando a República.

E de tudo, irradia, grave, uma obscura, uma lenta música...

Ah, meus pobres botões! eu bem quisera traduzir, para vós, uns dois ou três compassos do Universo!...

Infelizmente não sei tocar violoncelo...

A vida é muito curta, mesmo...

E as estrelas não formam nenhum nome.

Mario Quintana - Aprendiz de Feiticeiro, 1950

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